A minha propensão para o esquecimento sempre foi um facto, e consequentemente, aliada a essa propensão está a tendência para o imbróglio e confusão com datas, horas, etc. Como prova dessa minha enfermidade está a estória que se segue.
Numa altura em que a vida de estudante me absorvia na sua plenitude, e a dedicação era de tal forma, que meteria, com toda a certeza, inveja ao maior dos marrões (ou marronas), andava atarefado com o estudo para o exame da cadeira, aliás cadeirona de Álgebra, (só nome metia medo, apenas suplantado por ANÁLISE), fazendo exercícios atrás de exercícios a uma velocidade incrível, gastava minas atrás de minas atrás de minas, os dedos enchiam-se de calos, minha mãe berrava por causa da postura da coluna, e eu a estudar como se não houvesse um amanhã. Até que chega o dia, e eu me desloco por volta das 13:30 com o desejo de demonstrar o conhecimento adquirido, e assim realizar a 1ª chamada da prova de avaliação complementar da cadeira de Álgebra que teria inicio por volta das 14 h. Chegam as 14h e eu a espera no edifico Ciências Florestais na Sala F 2.2 a aguardar pelo inicio da prova. Pela primeira vez um pouco nervoso, confesso, (acho que deve ser o efeito de não se levar copianços e acreditar no poder do estudo), vejo as 14h chegar sem que aviste nenhum dos meus colegas ou até mesmo a docente responsável pela cadeira. O tempo passa sem que ninguém apareça, até que chegam as 15h e eu, furioso com o mundo, com os que nele habitam no geral, e com a comunidade de docentes no particular, saio do edifício batendo portas e barafustando comigo próprio e com a “mala suerte” que me persegue. Numa correria desmedida ao volante de um Rover 214 Si que só deus sabe como se aguentava nas curvas, chego a casa, ensopado de nervos a transbordar de raiva pelos poros e a fumegar pelas orelhas. Ligo o computador já ligado desligando-o, e mais uma vez solto barbaridades impróprias para as transcrever, mas desta vez em direcção aos criadores destas máquinas hediondas que só servem para atazanar o espírito, retroceder a mente e claro colocar as pessoas em posições ortopedicamente incorrectas. Após um tempo absurdo a espera, (2 minutos no máximo) para o reiniciar do Sistema Operativo que acompanhava o Computador, ligo o browser de internet, coloco o endereço do servidor de email, e coincidências das coincidências, aparece a seguinte mensagem: “Não foi possível estabelecer a ligação ao endereço desejado por favor tente aceder mais tarde ou contacte o gestor da sua rede”. O Gestor da minha rede? Mas o gestor da minha rede sou eu, porra!! Mexo nuns fios, ligo, desligo, volto a ligar e lá funciona a coisa. Procuro o endereço da docente da cadeira de Álgebra da Licenciatura em Tecnologias da Informação e comunicação e redigo o seguinte texto:
“Viva,
O meu nome é Tal e Tal, aluno da cadeira de Álgebra do Curso de Tic, e estive hoje presente por volta das 14H no edifício Ciências Florestais na sala F2.2 para realizar a prova de avaliação complementar da cadeira de Álgebra. No entanto ninguém compareceu, gostava que me informasse do motivo da ausência e quando poderei fazer a prova de avaliação?
Aguardo resposta!
Tal e Tal”
Ao que passado alguns minutos recebo um email de resposta com o seguinte conteúdo:
“Viva Tal e tal,
O exame decorreu no local indicado mas a hora indicada pelo SIDE, ou seja as 9h da manha. Esclarecido o motivo, adianto que poderá efectuar a prova no dia da 2ª chamada.
Sem outro assunto.
Atentamente Tal e Tal”
Ao que eu respondi com um:”Obrigado pelo esclarecimento”.
